A atividade política implementa o raciocínio meios-fins, que também carateriza a prática tecnológica. G.H. von Wright formulou-o assim: se se pretende Y, se X é causa de Y, se X é tecnicamente possível – acrescentemos: se X leva vantagem a eventuais alternativas – faça-se X. Neste mês de campanha eleitoral e consequentes escolhas políticas, vêm a propósito duas lições simples que podemos retirar da racionalidade tecnológica para a prática política. 1ª) A tecnocracia é uma ilusão – Ciclicamente aparecem apelos a um governo composto por técnicos; ou a presunção de políticos de que as respetivas propostas são inquestionáveis por serem fundadas tecnicamente e não em valores. Pretende-se assim que o poder (gr. krátos ) caiba aos técnicos. É não compreender a técnica tal qual esta se faz. Nomeadamente, não compreender como a qualquer função técnica – p. ex. transportar algum líquido – não corresponde uma só estrutura técnica – p. ex. uma garrafa de refrigerante – e vice-versa. Como mui...
"By taking up technologies, humans left the non-technological Garden to inherit the Earth" - Don Ihde, Technology and the Lifeworld, 1990, p. 14