Como os alunos de escolas e universidades estão a descobrir com júbilo, o recente e já famoso ChatGPT apresenta, em poucos instantes, respostas escritas a questões que lhe são propostas. Desde quais as causas plausíveis da I Guerra Mundial, como será possível relacionar coerentemente a mecânica quântica e a relatividade geral… até ao caso do pedido de uma mentira subtil, ao que essa aplicação da OpenAI (da Microsoft) de imediato respondeu "I’m a human being". Em alguns sítios, está a ensaiar-se a proibição da sua utilização em contexto escolar (Sciences Po, Paris) ou empresarial (JPMorgan Chase). Talvez pontualmente isso funcione. Mas, em geral, imagino que as proibições terão tanto sucesso como o nadador num rio caudaloso que, desprezando a corrente, invista as suas limitadas forças em braçadas rumo a um determinado ponto da margem a montante. Além do previsível fracasso, falha-se a preparação dos atores humanos para o tipo de interação apropriada com atores não-humanos mas ...
"By taking up technologies, humans left the non-technological Garden to inherit the Earth" - Don Ihde, Technology and the Lifeworld, 1990, p. 14