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V. Machado Faria e Maia: A modernização da indústria de laticínios em São Miguel – 1937-1946

1 (in: Com. Reg. Cer. Arq. Aç., Nº 7)
 
Com base no longo artigo, publicado em duas partes em 1947/48, de Victor Machado Faria e Maia[i], à data intendente de pecuária do distrito de Ponta Delgada, podemos isolar o período entre 1937 e 1946 como os anos decisivos para o crescimento da fileira do leite em São Miguel, até esta rapidamente assumir a primazia socioeconómica regional. Aquele primeiro ano, por ser o da reunião de agosto na Junta Geral do distrito, com a proposta de uma modalidade de construção e exploração de uma moderna fábrica de laticínios. O segundo ano, pelo apetrechamento final dessa fábrica, começada a construir em 1942, mas noutra modalidade que não a inicialmente prevista e desejada; e pelo "ultimato" aos restantes industriais locais feito pela Direcção Geral dos Serviços Pecuários.
O parágrafo seguinte (1) apresenta resumidamente a exposição do referido intendente de pecuária. Para na sua base analisarmos depois as movimentações no setor em S. Miguel ao longo desse período (2.1, 2.2). E enfim reconhecermos a sua resultante (3).
1.      V.M. Faria e Maia divide a história dos laticínios micaelenses (até à data da escrita do artigo, junho de 1947) em três fases:
A.    Fase inicial – antes de 1875: o gado bovino inicialmente introduzido no arquipélago não era de vocação leiteira. Apenas sob impulso da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense (1843) foram introduzidos alguns espécimes de raças com maior produção de leite – nomeadamente a “Holandesa” (Holstein-Frísia, que prevaleceu no séc. XX). Quanto à tecnologia de transformação do leite em manteiga, reduzia-se à desnatação espontânea e batedura em pote, de fabrico caseiro, tal como a produção de queijo.
B.    Fase do desenvolvimento – primeiro período, 1876-1896: introdução de modernas máquinas a vapor para desnatação, batedeira, tanques… compradas em Londres por Alexandre Leite da Gama. O qual igualmente aí contratou um mestre de fábrica, de nome Barber, tendo antes trazido da ilha de S. Jorge a operária Ana Augusta Pedrosa, conhecedora do fabrico de queijo de melhor qualidade. Depois de sucessivas instalações industriais em S. Miguel, sempre com maus resultados económicos, esse primeiro industrial (então moderno) de laticínios nesta ilha mudou-se, em 1894/5, para S. Jorge, de onde passou a exportar queijo para aquela outra ilha. Nesse período, Alexandre Leite e também José Maria Raposo do Amaral continuaram a importação e cruzamento experimental de reprodutores de outras raças bovinas.
Segundo período, 1897-1910: período de crise geral na agricultura micaelense, mas com algum excedente de leite, o que motivou a abertura de pequenas indústrias artesanais. V.M. Faria e Maia salienta que aí se encontravam ainda máquinas primitivas, por exemplo movidas por ligação a uma nora de tração animal. Algumas tradições familiares mobilizadoras ter-se-ão todavia consolidado, já que, dessa meia dúzia de produtores/industriais, Artur da Gama, que estudou agronomia em França,
2. E. Harding Read

era sobrinho de Alexandre Leite; Caetano Velho Cabral foi avô de Eduardo Harding Read (foto 2); e Bernardo M. Faria e Maia foi avô do autor que estamos a seguir.
Terceiro período, 1911-1927: a produção pecuária aumentou, em resultado das anteriores importações de animais reprodutores, da extensão de pastagens artificiais à volta de Ponta Delgada, Ribeira Grande e Lagoa, e da utilização de adubos. Industrialmente, foram introduzidas as desnatadeiras centrífugas. Enquanto o gado de carne se desvalorizou pela redução do preço desta após a Guerra Mundial I – como ressalva o autor, este facto económico pode ter reforçado a orientação pecuária para o gado de leite. De entre os vários pequenos industriais, maioritariamente estabelecidos à volta de Ponta Delgada, na opinião do intendente de
3. E. Soares de Albergaria
pecuária, Eduardo Soares de Albergaria (foto 3) “[merece] especial menção (…) pela compreensão que, desde início, teve na boa orientação a dar à indústria, o que não é de surpreender visto, entre todos os outros, se distinguir pela sua cultura, espírito progressivo e altas qualidades de iniciativa” (op. cit., Nº 6: 50).
A qualidade normal dos produtos seria porém a que se depreende pelas iniciativas oficiais e privadas nos anos seguintes.
C.    Fase de intervenção oficial – Decreto nº 16.130 de novembro de 1928, e aumento da intervenção dos Serviços Pecuários da Junta Geral do distrito de Ponta Delgada na melhoria dos efetivos leiteiros.
Primeiro período, 1928-1936: nesse primeiro ano, dos 51 industriais reconhecidos na ilha (além de fabricantes não industriais) apenas 6 fabricavam tanto queijo como manteiga. E, dos produtores desta última, 20 não tinham sequer desnatadeiras, fabricando-a tradicionalmente, e distribuindo-a depois ao domicílio. No fim do período, as exigências higiénicas (“com desmedida benevolência”, op. cit., Nº 6: 52) da Intendência de Pecuária tinham reduzido o número de industriais para 23. A produção de leite ultrapassava em muito a procura para consumo em natureza, a indústria não transformava o excedente com qualidade suficiente para ser competitivo no mercado continental, e a concorrência de margarinas importadas era forte. O setor entrara assim novamente em crise.
Em resposta, alguns interessados promoveram reuniões em várias localidades da ilha a favor do cooperativismo, inclusive que compensasse a contratação externa de um técnico que viesse melhorar os processos de produção local. O relatório entregue ao Sindicato Agrícola de Ponta Delgada, por uma comissão presidida por V.M. Faria e Maia e da qual fazia parte E. Soares de Albergaria, em dezembro de 1931, dava porém conta da inviabilidade do projeto por desinteresse da grande maioria dos produtores de leite.
Segundo período, 1937-1946: período da constituição da Lacticínios Loreto, Lda., que a seguir analisaremos.
Antes, numa nota a um eventual desenvolvimento da datação anterior, registem-se as expectativas deste intendente de pecuária (op. cit., Nº 7: 64) sobre o incremento do setor pela concorrência entre a Lacticínios Loreto e as fábricas que em 1947 se projetavam. A abrir uma quarta fase (D), caraterizada então pela concorrência entre empresas industriais modernas orientadas definitivamenter para o mercado externo – ainda que a enquadrar pela intervenção da Junta Nacional dos Produtos Pecuários (criada em 1939) no agrupamento das unidades fabris, na determinação das respetivas zonas de influência, bem como, na opinião de intervenientes como o próprio intendente em Ponta Delgada (op. cit., Nº 7: 61, 62), no preço mínimo ao produtor e no preço máximo do produto transformado. Enfim, se no fim do séc. XX a compra da Lacticínios Loreto e da Lacto Açoriana, pelo grupo multinacional Bel de origem francesa, subalternizou decisivamente na fileira do leite os produtores locais, justificando a discriminação de uma quinta fase (E) na história dos laticínios desta ilha, isso fica ao cuidado dos atuais especialistas na matéria.
2.1  Voltemos ao início do período decisivo para a atual proeminência socioeconómica dos laticínios micaelenses. Depois de novas iniciativas a favor do cooperativismo, que promovesse o desenvolvimento tecnológico industrial, em resolução de 18 de outubro de 1937, a Comissão Administrativa da Junta Geral respondeu afirmativamente à proposta que o representante dos industriais de laticínios, E. Soares de Albergaria, fizera numa reunião a 23 de agosto desse ano. Designadamente, para que esse organismo financiasse a construção e apetrechamento moderno de uma fábrica, cedendo-a a uma cooperativa dos produtores de leite. A qual reembolsaria aquele organismo com juros e em prazo a combinar – com o que o presidente da Junta Geral, Duarte Manuel A.A. Bettencourt, declarara aliás logo naquela reunião o seu acordo de princípio.
Posto isso, o Sindicato Agrícola de Ponta Delgada abriu uma subscrição para lavradores interessados em participar, contando no fim do ano com 192 inscritos, um número tido como suficiente para a constituição da cooperativa.
A Junta Geral incumbiu então aquele representante dos industriais, um representante do Sindicato, e o intendente de pecuária, de apresentarem um projeto da fábrica para o qual se pediria o apoio financeiro do Estado – visto que aquele organismo local só por si não possuía verbas necessárias para um investimento dessa monta.
Este grupo de estudo delineou um projeto faseado para uma fábrica que transformasse diariamente 25.000 l. Primeiro, em leite para consumo público – com pasteurização, engarrafamento e frigorificação – manteiga, natas frescas, e aproveitamento do leite desnatado para o fabrico de queijo de tipos “cheddar” e “holandês”. Mas comportando espaço para, numa segunda fase, se construírem instalações para o fabrico de caseína e leite em pó ou condensado. Depois de contactarem diversas empresas, em maio de 1938 o grupo recebeu para o efeito uma planta de fábrica, e o respetivo orçamento, da firma dinamarquesa Silkeborg Maskinfabrik – do qual retiraram a valência de leite para consumo, por julgarem demasiado dispendiosa.
Em 27 de janeiro do ano seguinte, a assembleia geral do Sindicato aprovou por unanimidade os estatutos da “Cooperativa de Lacticínios de S. Miguel”, elegendo os respetivos corpos gerentes. Como presidente da direção ficaria o eng. agr. Eugénio Ataíde da Câmara, que substituíra E. Soares de Albergaria na comissão instaladora. Na deliberação de 2 de setembro de 1938 que dá conta desta substituição, diferentemente da proposta daquele representante da indústria na reunião de agosto do ano anterior na Junta Geral, a assembleia geral propôs-se ainda pedir a essa instituição oficial uma isenção de juros, e que o prazo do reembolso fosse determinado apenas depois de apurada a possibilidade do seu cumprimento pela nova cooperativa. Cuja fábrica se concentraria na produção de manteiga e queijo (conforme o estabelecido pelo grupo de estudo que preparara o projeto).
“Depois destas resoluções pareciam estar afastadas todas as dificuldades para a constituição da cooperativa e construção da fábrica. Mas, infelizmente assim não aconteceu, porquanto, logo depois desta reunião, começaram os derrotistas de mãos dadas com os pseudo-industriais (…) a preparar, num inteligente trabalho de sapa, uma surda campanha contra os benefícios a obter da Cooperativa conseguindo, malfadadamente, lançar os pobres lavradores, até àquela data sua presa fácil, numa atmosfera de medo e desconfiança nos intuitos dos que denodada e desinteressadamente se batiam por (…) o bem-estar da lavoura micaelense” (op. cit., Nº 7: 55). Nestas palavras, judicativas mas sem menção a factos e nomes, explica o intendente de pecuária o fracasso do projeto que visava responder à referida crise do setor.
A resposta viria por outra via que não a da intervenção oficial, ou sequer a da mobilização social.
2.2  No dia 16 de abril de 1937, em artigo conjunto no Diário dos Açores, Eduardo Soares de Albergaria e Eduardo Harding Read apresentaram à comunidade micaelense a Lacticínios Loreto, Lda. Que tinham fundado aproveitando as instalações da Lacticínios do Tanque, do primeiro – a qual funcionava numa das dependências da Quinta do Tanque, na zona das Laranjeiras, onde o industrial habitava[ii] – e os estudos superiores sobre a moderna produção de laticínios que o segundo fizera recentemente em Reading, Inglaterra. Aliás, estudos não só sobre as técnicas relativas a diferentes tipos de queijo e manteiga, mas também as relativas a produtos derivados, por exemplo a galalite (feita com caseína retirada do leite desnatado) com a qual a Lacticínios Loreto veio a produzir botões, tabuleiros e peças de jogos de damas, etc.
Nesse artigo, explicaram ser esta uma sociedade por quotas, e não uma cooperativa como era do desejo dos autores, dado o insuficiente número de interessados. Mas que se transformaria “em cooperativa logo que a compreensão e a confiança dos interessados tome vulto indispensável”. Intenção reforçada pela indexação, na respetiva escritura, dos honorários dos sócios-gerentes aos lucros eventualmente obtidos, “o que (…) equivale a dizer que trabalharão de graça todo o tempo (…) que não haja lucros”. Assim como reforçada pela prioridade dos produtores de leite, e dos operários da fábrica, sobre investidores externos em quaisquer aumentos de capital. Precisamente, o objetivo expresso do artigo era o de informar que a subscrição se encontrava aberta a proprietários e a produtores.
Sobre o êxito desta última, o intendente de pecuária dá no entanto conta ao apontar o “facto pouco dignificante para os capitais micaelenses que não acorreram ao apelo da exposição atrás transcrita” (Com. Reg. Cer. Arq. Aç., Nº 7: 59).
Em agosto seguinte (na referida reunião), E. Soares de Albergaria ainda viria a protagonizar o movimento a favor de uma grande cooperativa, a apoiar pelo Estado na construção da moderna fábrica de que o setor necessitava. Mas um ano depois afastou-se, ou foi afastado, desse processo – V.M. Faria e Maia não escreve uma palavra sobre o assunto. E ainda em 1938 partiu com a família para Lisboa, onde montou uma estrutura de comercialização dos produtos da empresa de que era sócio-gerente, ficando E. Harding Read a geri-la em Ponta Delgada.
Entretanto a redução da oferta internacional de produtos lácteos, com o início da Guerra Mundial II, permitiu aos industriais locais escoarem toda a sua produção – incluindo no mercado negro do abastecimento de navios em trânsito – apesar da irregular e normalmente má qualidade desses produtos (de que V.M. Faria repetidamente isenta a Lacticínios Loreto). Nesses anos toda a produção leiteira foi também aproveitada e até incrementada, tendo-se arroteado novas pastagens para se satisfazer a procura por parte da indústria local. A conjuntura internacional aliviou pois nessa altura as dificuldades que o intendente de pecuária reconhecia no setor desde 1911.
De tal forma que a generalidade dos produtores e industriais micaelenses de laticínios ignorou o aviso do chefe da Repartição de Higiene e Sanidade da Direção Geral dos Serviços Pecuários, (o também micaelense) João Soares Lobo, após a sua inspeção às Intendências insulares em fins de 1941: as condições de trabalho que encontrara eram na sua maioria a tal ponto deficientes que não seriam permitidas durante muito mais tempo pelo Estado.
Apenas E. Soares de Albergaria e E. Harding Read atenderam a esse aviso. Tomando a decisão de a Lacticínios Loreto avançar privadamente, dados os insucessos anteriores, para a construção da primeira fábrica moderna de laticínios em S. Miguel.
O local escolhido foi a Pranchinha, no extremo oriental de Ponta Delgada, próximo da Quinta do Tanque onde funcionava a fábrica original da empresa. Aí começou a ser construída em 1942. Ano em que E. Soares de Albergaria regressou a S. Miguel.
Para poder levar a cabo esse empreendimento, a Lacticínios Loreto, Lda. abriu 33,3% do respetivo capital à empresa continental Martins & Rebelo – que desde a década de 1920 se estabelecera nas Flores e nas ilhas do grupo central, chegando a dominar grande parte desses mercados[iii]. Mas com a presidência da administração a competir ao maior dos sócios locais, E. Soares de Albergaria. Como reconhece o intendente de pecuária no distrito de Ponta Delgada, essa empresa micaelense alcançou assim “melhores condições de entrar na concorrência, não só por dar um mais completo e económico aproveitamento à matéria-prima, mas também pelas melhores condições existentes a seu favor derivadas da sua ligação com aquela firma que era dotada de uma vasta e bem orientada organização industrial e comercial” (op. cit., Nº 7: 59).
4 (in: História dos Açores)
Ainda segundo este autor (op. cit., Nº 7: 62), em junho de 1946 a construção da nova fábrica estava concluída (fotos 1 e 4), e o respetivo equipamento quase completo.
Para a história deste processo acrescento a informação, de fonte familiar, que Eduardo Soares de Albergaria, para cumprir a sua parte do financiamento da nova fábrica, vendeu uma parcela do respetivo património imobiliário, e hipotecou todo o restante incluindo a sua residência da Quinta do Tanque. Ao que julgo saber (de fonte oral direta), também Eduardo Harding Read investiu o capital de que dispunha na modernização dos laticínios açorianos, nomeadamente para custear os seus estudos em Inglaterra. (Distantes ainda vinham os tempos em que não só quaisquer investimentos vultuosos dependeriam de subsídios, como mesmo se orientariam mais para os setores em que estes se encontrassem disponíveis, do que para os setores que se afigurassem economicamente sustentáveis...)
3.      Enfim, nesse mês de junho de 1946 – quando se perspetivava o fim da insuficiência da oferta internacional de produtos lácteos causada pela Guerra Mundial II – as Intendências insulares voltaram a ser inspecionadas por João Soares Lobo.
O qual verificou que, à exceção da Lacticínios Loreto, as restantes fábricas micaelenses do setor continuavam a apresentar condições inaceitáveis pela Direção Geral responsável pelo seu licenciamento. O chefe da Repartição de Higiene e Sanidade determinou então o fim desse mesmo ano como data limite para aqueles industriais submeterem a aprovação superior os locais para a construção de novas fábricas, bem como os respetivos projetos. «O não cumprimento das determinações anteriores, dentro do prazo fixado, implicava o encerramento definitivo do respetivo estabelecimento fabril, sem direito a qualquer indemnização» (citação in: op. cit., Nº 7: 64).
E a 31 de dezembro de 1946 a situação da indústria micaelense de laticínios esclareceu-se na seguinte forma: de um lado, integraram-se na Lacticínios Loreto, Lda., os industriais António Luiz Pacheco; José Moniz Furnas; Manuel Pereira Gomes; Aguiar e Oliveira, Lda.; Empresa de Lacticínios Arrifes; Mariano Rebelo Pimentel; Manuel de Sousa Pedro e José de Sousa Pedro.
Do outro lado, o intendente de pecuária aponta apenas os casos da empresa José Furtado Leite, Lda., e do industrial João Maciel, que pediram e obtiveram uma prorrogação dos prazos estabelecidos pela referida Repartição da Direção Geral dos Serviços Pecuários para a entrega dos devidos documentos, até ao fim de 1947. Em junho deste ano, o autor menciona que a primeira dessas empresas já entregara para aprovação superior o respetivo projeto de uma nova fábrica. E que constava que outros industriais micaelenses, liderados por João Maciel, se preparavam para se associar à Sociedade Lacto-Lusa, de Vale de Cambra[iv].
 



[i] “Os lacticínios no distrito de Ponta Delgada”, in: Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, Nº 6 (2º sem. 1947): 39-56; Nº7 (1º sem. 1948): 43-72.
[ii] Onde igualmente implementou outras indústrias agroalimentares, desde (se não estou a confundir testemunhos orais) uma charcutaria até uma fábrica de chocolate, passando por uma adega vinícola acompanhada pela produção de vinha nessa mesma quinta.
[iii] Cf. Carlos Enes, “Uma economia em transformação, mas uma pobreza que persiste”, in: A.T. Matos et al. (dir.), História dos Açores. Do Descobrimento ao Século XX, vol. II, Angra do Heroísmo: Instituto Açoriano de Cultura, 2008: 199, 200.
[iv] O primeiro projeto consubstanciou-se na Lacticínios Furtado Leite – que deixou de laborar em 1974 – o segundo na Lacto Açoriana, detida em apenas 14% por capitais locais (Enes, op. cit.: 200), e construída em 1948.

Comentários

  1. A consultar no Arquivo nacional Torre do Tombo:
    PROTESTO DA FIRMA LACTICÍNIOS DO LORETO, LDA. CONTRA O MOVIMENTO COOPERATIVO NA ILHA DE S. MIGUEL, NOS AÇORES.

    NÍVEL DE DESCRIÇÃO
    Documento composto Documento composto
    CÓDIGO DE REFERÊNCIA
    PT/TT/AOS/D-C/1/4/2
    TIPO DE TÍTULO
    Formal
    DATAS DE PRODUÇÃO
    1952-02-14 A data é certa a 1955-02-19 A data é certa
    DIMENSÃO E SUPORTE
    f. 64-89

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  2. Para uma abordagem compreensiva e atualizada do sector, v. L.H. Sequeira de Medeiros, "O leite e os lacticínios nos Açores - Um contributo para a sua história", in: J. Fernandes Alves (org.), Leite e Lacticínios em Portugal - Digressões Históricas, Confraria Nacional do Leite, 2016, pp. 189-239. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Jorge_Alves2/publication/304541131_A_Fileira_do_Leite_Em_Perspetiva_Historica/links/578535c408ae36ad40a4bfbb/A-Fileira-do-Leite-Em-Perspetiva-Historica.pdf.

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