Depois de mais de 300.000 anos coletando os produtos da Natureza, há cerca de 12.000 anos deixámos de nos ajustar a esta última e passámos a ajustá-la a nós. Correspondentemente, deixámos de viver em pequenos bandos, com relações personalizadas, e criámos grandes sociedades com relações e instituições tendencial ou mesmo assumidamente formais. Até à segunda década deste século, quando firmámos um conjunto de processos sociotécnicos que eventualmente contribuirão para uma nova era nessa história. Em particular, com esta novidade de o Homo Sapiens perder a exclusividade, para algoritmos artificiais e com vantagem destes últimos, de alguns dos procedimentos que nos têm facultado o nosso poder único. No dobrar da metade desta terceira década, com o tempo histórico aparentemente em plena aceleração, dificilmente outro conjunto de questões nos merecerá mais atenção. Sobre a década anterior, refiro-me a acontecimentos como o Prémio Breakthrough de 2015, que distinguiu a tecnologia CRISPR-Cas9...
"By taking up technologies, humans left the non-technological Garden to inherit the Earth" - Don Ihde, Technology and the Lifeworld, 1990, p. 14