Em 2017, o algoritmo AlphaGo Zero ultrapassou os seus predecessores ou alternativas, que por sua vez já tinham ultrapassado a competência humana no jogo do go (considerado mais complexo do que o xadrez). Mas o Zero não se distingue apenas pelo nível do seu desempenho, é significativo principalmente pelo modo como o conseguiu: o único input que recebeu foram as regras do jogo. Em cuja base esse algoritmo aprendeu em poucos dias jogando contra si próprio. E, embora tenha demorado um pouco mais do que o AlphaGo Master, ao qual foram facultadas jogadas humanas como exemplos, o Zero surpreendeu pela criatividade das jogadas, a qual não se encontrava nas decisões do algoritmo anterior. Ou seja, pelo menos em algumas atividades, a IA é capaz de aprender praticamente sozinha, de criar processos novos, e de ser assim ainda mais eficaz do que a IA mais dependente dos seres humanos. A novidade e a dimensão desse poder tecnológico, além de inúmeros interesses práticos e do interesse teórico do seu...
"By taking up technologies, humans left the non-technological Garden to inherit the Earth" - Don Ihde, Technology and the Lifeworld, 1990, p. 14