Notas a uma leitura de férias: C. Rovelli, o tempo e a ação

Passei a idade em que damos conselhos como quem distribui rebuçados. Todavia, nesta época ainda de leituras de férias, arrisco uma sugestão a quem se disponha a voltar às questões básicas, sem querer mergulhar logo em argumentações ou demonstrações exigentes. O pequeno (grande) livro de Carlo Rovelli, A Ordem do Tempo (Lisboa, Objectiva, 2020 , 191 pp. mas com poucas palavras em cada página), certamente a justifica. Por introduzir o estado da arte da reflexão sobre o tempo, e uma hipótese para um seu próximo passo. Essa hipótese inscreve-se bem na velha esteira de Aristóteles ( Física , IV). Designadamente, numa associação do tempo a cada mudança, sem se invocar qualquer tempo cronológico absoluto. Entretanto, avançarei já a nota de que logo o Filósofo – assim distinguiram os medievais aquele que será o maior polímata da história da humanidade – terminou perguntando se, dessa forma, haverá tempo se não houver a mente que meça a mudança segundo um antes e um depois. 1. ...