i) Conceitos
fundamentais – primeiramente, o princípio
operacional do artefacto: o funcionamento global do artefacto que cumpre o
propósito que este serve – p. ex. ordenha por vácuo em condições tão controladas
quanto possível. É conforme esse princípio que o artefacto se define – ex. sala
de ordenha – e que o sucesso deste último é avaliado em termos técnicos. Outro
conceito fundamental é o de configuração
normal do artefacto a desenhar: a disposição geral dos componentes que na
comunidade técnica se reconheça cumprir melhor o princípio operacional – no
caso das salas de ordenha reconhecem-se várias configurações satisfatórias.
Esses conceitos são implementados normalmente no design conforme as cinco categorias
seguintes.
ii) Especificações
que traduzem quantitativa e detalhadamente os objetivos gerais qualitativos da
utilização do artefacto. Por exemplo, os limites mínimo e máximo da
depressão atmosférica a manter nas tubagens e tetinas. Essas especificações visam os critérios técnicos
relevantes para cada tipo de artefacto e o seu uso. Como a necessidade do vácuo ser suficiente para forçar a abertura do esfíncter do teto, mas sem penetrar neste órgão. Esses critérios derivam frequentemente das três
categorias seguintes.
iii) Ferramentas
teóricas exigidas pelo design de quaisquer tecnologias minimamente
sofisticadas. Como o conceito intelectual
de depressão atmosférica conforme a teoria corpuscular da matéria, e as
fórmulas matemáticas que explicitam o comportamento dos fluidos. Essas teorias
e métodos de cálculo variam desde as puramente matemáticas sem qualquer referência
física, passando por teorias que incluem estas referências, até certos números
assumidos como mero expediente para alguns cálculos pontuais.
iv) Dados
quantitativos que constituam valores concretos para as variáveis das
fórmulas empregues – ainda no mesmo exemplo, é o caso dos comportamentos de
muitos modelos de tetinas experimentadas em Moorepark (Irlanda) em
circunstâncias idênticas.
v) Considerações
práticas que derivam da experiência (conhecimentos “tácitos”, v. crónica
acima referida). Juntamente com os conceitos fundamentais, estas considerações
podem constituir a categoria cognitiva mais relevante – veja-se o caso da
mecanização da ordenha açoriana na década de 1970: os designers das primeiras
máquinas móveis e dos equipamentos das salas fixas de ordenha não foram
engenheiros com formação teórica superior, mas mestres serralheiros que
importaram para essa nova produção conhecimentos adquiridos na sua anterior
prática profissional.
vi) Enfim, cada designer implementa procedimentos, formas
de pensar e de ajuizar – “design
instrumentalities”. São conhecimentos sobre a própria atividade do design
técnico. Neste século, incluem o trabalho com I.A., Big Data…
Renovo os
votos de setembro: que os estudantes e professores que tenham a sorte, e mérito, para frequentar eventuais escolas tecnocientíficas portuguesas “de 1º
mundo” explorem as anteriores categorias ao nível exigido neste último. Todos
ganharemos com isto.
enviado para: Correio dos Açores, 02/04/2021